O medo

TENHA MEDO DO QUE O GOVERNO PODE FAZER COM VOCÊ. NO BRASIL GOVERNAR É SATISFAZER NECESSIDADES FISIOLÓGICAS.

8 de mai. de 2009

A VOZ ROUCA DO SUJEITO DA ESQUINA


E o gauchão telefonador, deputado Sérgio iMoraes, está fazendo escola. Gilmar Mendes, do alto de sua toga suprema, aproveitando um seminário na Associação dos Magistrados Brasileiros, mostrou que aprende rápido e desancou o pau nas forças ocultas e nos adversários explícitos: "Os juízes precisam enfrentar a opinião pública e não podem consultar o sujeito da esquina antes de tomar decisões".

Ele estava emburrado porque na quarta-feira manifestantes do movimento "Saia às ruas" o brindaram com 5 mil velas acesas na Praça dos Três Poderes. Aí, Gilmar revelou o que pode ter a mais na cabeça de um juiz destemperado que não seja um camarão: “Não se dá independência ao juiz para ele ficar consultando o sujeito da esquina. Vamos ouvir as ruas para saber o que o povo pensa sobre o STF conceder ou não habeas corpus? Ou os nossos blogueiros? A jurisdição constitucional, por definição, é contramajoritária. Ela só funciona por ser contramajoritária”. Cá pra nós, isso não é próprio de um juiz; tem a cara da politicalha nacional.

O novo barraco de Gilmar se deu exatamente no mesmo momento em que o STF, por unanimidade, aceitava as denúncias do Ministério Público Federal contra o deputado do castelo, por apropriação indébita de contribuições previdenciárias e prática de crime contra a ordem tributária.
Realmente um juiz nunca deve julgar cedendo a pressões, ou não será um juiz e sim um fantoche. Pressão, no entanto, não é só a voz rouca das ruas. É, por exemplo, a nomeação dos integrantes da cúpula do Judiciário ser decidida pelo presidente da República - seja qual for o presidente, seja qual for a República. E - pobre de nós todos, sujeitos da esquina -seja lá qual for o ministro.